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VACINAS: COMO FUNCIONAM, CALENDÁRIO E EFEITOS COLATERAIS
Graças a campanhas de vacinação bem sucedidas nas últimas décadas, doenças como poliomielite, varíola e sarampo praticamente não existem mais em diversos países.
Atualizado em 23/11/2020 s 18:13:37
Graças a campanhas de vacinação bem sucedidas nas últimas décadas, doenças como poliomielite, varíola e sarampo praticamente não existem mais em diversos países.
O objetivo da vacinação é estimular o organismo a produzir anticorpos contra determinados germes, principalmente bactérias e vírus. O nosso sistema imunológico cria anticorpos específicos sempre que entra em contato com algum germe.
Geralmente, uma vacina age apenas contra um único germe. Por exemplo, a vacina contra o sarampo não protege o paciente contra catapora e vice-versa. Já existem, porém, vacinas conjuntas, que são na verdade duas ou mais vacinas dadas em uma única administração, como a vacina tríplice viral, que é composta por três vacinas em uma única injeção: sarampo, rubéola e caxumba. O sistema imune é estimulado simultaneamente contra esses três vírus. Nem toda vacina pode ser dada em conjunto.
A grande dificuldade na hora de desenvolver uma vacina é criá-la de modo que a bactéria ou vírus consigam estimular o sistema imunológico a criar anticorpos, mas não sejam capazes de provocar doença. Às vezes, basta expor o organismo à bactéria ou ao vírus mortos para haver produção de anticorpos e tornar o paciente imune ao germe. Entretanto, nem todos os vírus ou bactérias mortos são capazes de estimular o sistema imune, fazendo com que tenhamos que buscar outras soluções para imunizar o paciente.
O grau de maturidade do sistema imunológico também é importante. O ideal seria podermos dar logo todas as vacinas ao recém-nascido. Infelizmente isso não funciona. O nosso sistema imune precisa de tempo para se desenvolver e ser capaz de gerar anticorpos quando estimulados pela vacinação.
As vacinas inativadas são aquelas feitas com germes mortos ou apenas partes do germe. As vacinas com germes mortos são as mais seguras, porém costumam apresentar uma capacidade de imunização mais baixa, sendo necessárias mais de uma dose para criar uma proteção prolongada. Em alguns casos a imunização desaparece após alguns anos, sendo necessária a aplicação de doses de reforço.
Muitas vezes não é preciso expor o sistema imune a todo vírus ou bactéria. O germe pode ser cultivado em laboratório e partes da sua estrutura que não são necessárias para criação de anticorpos podem ser retiradas. Em alguns casos, uma única proteína do germe é tão diferente das nossas proteínas que é suficiente para o sistema imunológico reconhecê-la como algo estranho, produzindo anticorpos eficientes contra o invasor. As vacinas com subunidades dos germes costumam ter entre 1 a 20 partes do mesmo.
Exemplos de vacinas com vírus ou bactérias inativos: Pólio, Cólera, Raiva, Influenza – gripe, Tifo, Hepatite A.
Exemplos de vacinas com uma ou mais partes dos germe: Hepatite B, Meningite, Pneumococo, HPV, Haemophilus influenzae.
As vacinas com germes vivos são seguras em pacientes sadios, mas não devem ser dadas a pessoas com deficiências no sistema imune, como transplantados, pacientes com AIDS, pacientes em uso de drogas imunossupressoras, ou paciente em quimioterapia. Este grupo apresenta elevado risco de desenvolver a doença se tomarem a vacina.
As grávidas também não podem tomar vacinas com vírus vivos pois há riscos de infecção do feto e complicações da gestação. Falaremos especificamente sobre a vacinação durante a gravidez em um artigo à parte, que será escrito nas próximas semanas.
Como as vacinas com germes vivos são o que há de mais próximo com um infecção real, elas costumam ser os melhores estimulantes para a produção de anticorpos pelo sistema imune. Este tipo de vacina costuma requerer apenas uma ou duas doses e produz uma imunização por muitos anos, às vezes para o resto da vida.
Vacinas com vírus vivos atenuados são mais fáceis de serem produzidas do que com bactérias, que são germes bem mais complexos e difíceis de serem manipulados.
Exemplos de vacinas com bactérias ou vírus vivos atenuados: Catapora, Rubéola, Caxumba, Varíola, Sarampo, Febre amarela.
Algumas vezes o que causa doença não é a bactéria em si, mas sim algumas toxinas que a mesma produz. Neste caso, a vacina não precisa ser direcionada contra a bactéria, basta que o sistema imune consiga ter anticorpos contra as toxinas. Os toxoides são vacinas feitas com toxinas modificadas, incapazes de causar doença.
Os toxoides também costuma gerar uma imunização fraca, necessitando de reforço após alguns anos.
Exemplos de vacinas com toxoides: Tétano, Difteria.
As imunoglobulinas são um tipo de imunização diferente das vacinas. As vacinas são chamadas de imunização ativa, pois induzem o sistema imune a produzir anticorpos. As imunoglobulinas são chamadas de imunização passiva, pois elas próprias já são os anticorpos.
Quando exposto a determinado germe, o sistema imune pode levar algumas semanas para produzir anticorpos em quantidade adequada para combatê-lo. Em alguns casos, a doença é tão agressiva que não temos tempo de esperar a produção destes anticorpos. Daí surge a necessidade de usarmos as imunoglobulinas, que são uma coleção de anticorpos previamente formados por outras pessoas ou animais. Pegamos anticorpos já formados por outros e administramos no paciente, havendo imediato combate à infecção.
As imunoglobulinas causam uma imunização curta, suficiente apenas para tratar a infecção. O paciente não fica imunizado por tempo prolongado, sendo necessária a administração de uma vacina após o controle da doença. Por exemplo, um profissional de saúde não vacinado contra a hepatite B que acidentalmente se fure com uma agulha infectada precisa tomar a imunoglobulina e a vacina para não se infectar. A imunoglobulina impedirá a infecção atual enquanto que a vacina servirá, neste caso particular, apenas para preveni-lo de futuras contaminações.
Exemplos de doenças que podem ser tratadas com imunoglobulinas (anticorpos): Hepatite B, Raiva, Botulismo, Difteria, Tétano, Catapora, Sarampo.
Nem sempre conseguimos manipular o nosso sistema imune adequadamente. Há vários germes que naturalmente são menos estimulantes ao nosso sistema imunológico. Alguns vírus rapidamente se “escondem” dentro de pontos do nosso organismo, impedindo que o sistema imune os reconheça.
No caso da vacina contra o HIV há alguns pontos importantes. O vírus morto não parece ser capaz de estimular o sistema imune. Por outro lado, a vacinação com vírus vivo é perigosa, pois não se trata de uma infecção benigna, como a catapora ou rubéola. Para se ter uma vacina com o vírus HIV vivo é preciso antes ter plena certeza que não iremos infectar o paciente em vez de ajudá-lo a criar anticorpos. Temos que descobrir um modo de atenuar o HIV de modo que este seja incapaz de causar doença, mas capaz de induzir a criação de anticorpos. A maioria das pesquisas hoje não é feitas com o HIV vivo.
O modo que o vírus HIV age também dificulta a produção de vacinas. O vírus se esconde dentro das próprias células do sistema imune, tornando difícil para o organismo produzir anticorpos efetivos contra o mesmo. Além disso, o HIV sofre mutação de modo muito rápido, podendo o vírus ter proteínas diferentes entre duas pessoas infectadas. É preciso identificar uma proteína que seja comum a todos os vírus e que também consiga estimular a produção de anticorpos pelo sistema imune.
Calendário Nacional de Vacinação – Ministério da Saúde.
Orientações sobre Vacinação – Ministério da Saúde..
Standard immunizations for children and adolescents: Overview – UpToDate.
Immunization – World Health Organization.
Immunization – NIH – U.S. National Library of Medicine.
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